Jornalista Adísia Sá |
Com o título “E os patidos, caladinhos?”, eis artigo da professora e jornalista Adísia Sá. Publicado no jornal O Povo da última terça-feira e chega como mais uma reflexão sobre a decisão do STF de derrrubar a Lei da Ficha Limpa. Confira:
O Supremo Tribunal Federal decidiu que a chamada Lei da Ficha Limpa não deve ser aplicada às eleições realizadas em 2010. Ou seja, quem então foi eleito, eleito está, independentemente de seu “curriculum vitae”. A manifestação de euforia de conhecidas figuras da política nacional e que constavam neste rol de sujos vem de encontro à decepção nacional. Não era essa a decisão desejada. Pelo contrário.
Mas, dirão alguns otimistas: a coisa não está ainda encerrada, resta a decisão dos ministros que estão autorizados a decidir individualmente casos sob sua relatoria. Ou seja, independentemente da frustração imediata, essa brecha cidadã alimenta a confiança de que o quadro possa ser revestido.
Enquanto acompanhamos o desenrolar desse fio, algo me persegue: qual o papel dos partidos políticos nisto tudo. Ou seja, responsabilidade alguma se lhes cabe na inclusão e ou exclusão de “candidatos na disputa de mandatos eletivos?”
Para mim os partidos políticos estão no começo, meio e fim do processo eleitoral, viabilizando, patrocinando, realizando convenções, movimentando a arrecadação de dinheiro para a campanha, arregimentando caravanas para os comícios. Enfim, uma gigantesca mão de obra… Os partidos é que dão aval aos candidatos, no mesmo pé de igualdade, ou seja, nas mesmas condições.
Mas, no final da ponta, a responsabilidade maior neste processo cai sobre os cidadãos, como bem se expressou o ministro Ayres Britto: “Quem não tiver vida pregressa limpa, não pode ter a ousadia de pedir registro de sua candidatura”. Acrescento: nem o partido deveria ter o desplante de referendar seu nome… tampouco o eleitor em nele votar.
A Lei da Ficha Limpa está momentaneamente suspensa, mas vai vigorar nas próximas eleições. Preciosa oportunidade para que reflitamos sobre a nossa responsabilidade de ter uma democracia asséptica com partidos dedetizados de ponta a ponta…. Baratas , morcegos, ratazanas não terão mais vez na política brasileira. Quem for vivo, verá.
Adísia Sá – Jornalista
adisia@secrel.com.br
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