quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Padre Reginaldo Manzotti - Benção do Lar

Escolas familiares agrícolas estão entre melhores instituições privadas do país

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, as escolas familiares agrícolas estão entre as melhores instituições privadas do país que atendem alunos de nível socioeconômico baixo ou muito baixo. Os dados do Enem por escola foram apresentados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Elas fazem parte do recorte do Inep de escolas privadas de grande porte (com mais de 90 alunos que fizeram o Enem), com indicador de permanência alto (com mais de 80% dos alunos que fizeram o exame cursaram todo o ensino médio) e que atendem alunos de nível baixo ou muito baixo, ou seja, os mais vulneráveis socialmente.
O ministro da Educação, Renato Janine, disse que foi uma surpresa para o Ministério da Educação (MEC) e o Inep o destaque dessas escolas no Enem. “Não sabíamos da grandeza do trabalho delas [das escolas familiares agrícolas] e é interessante quando uma pesquisa mostra algo inesperado, porque normalmente elas mostram confirmações do que já existe”, disse.
Segundo Janine, o MEC vai agora dar mais visibilidade e ir atrás da experiência dessas escolas para “aprender com elas”. São instituições comunitárias geridas por associação de moradores e sindicatos rurais vinculados à comunidade. “Nesse sentido [de atender aos três critérios] é a melhor escola privada do Brasil e merece nosso destaque”, ressaltou Janine.
O presidente do Inep, Chico Soares, destaca que as escolas avaliadas são muito heterogêneas entre si e que é possível a construção de muitos rankings. “Um único ranking produz um quadro distorcido da realidade”, disse ele, explicando que é preciso considerar o porte e estratégia da escola de seleção de alunos e as características socioeconômicas dos estudantes.
(Agência Brasil)

domingo, 2 de agosto de 2015

26 Anos de saudade: Luiz Gonzaga em Quixeramobim

Neste domingo, 02, se completa 26 anos de morte de Luiz Gonzaga dos Nascimento, o “Rei do Baião”. Em homenagem a esse ícone da nossa música, e claro, uma das maiores personalidades do nordeste, o site “o Sertão é Notícia” publicou uma crônica enviada pelo escritor quixeramobinense Bruno Paulino, “Luiz Gonzaga em Quixeramobim”.  

Luiz Gonzaga em Quixeramobim
Tornei-me fã de Luiz Gonzaga influenciado diretamente pelo meu avô.  Lembro-me de um dia chegar à sua casa e encontrá-lo compenetrado ouvindo na vitrola a clássica canção Xote das Meninas. O ritmo dançante e a letra narrando o causo da menina que enjoa da boneca e só pensa em namorar foi o bastante para me cativar. Em Quixeramobim, assim como eu muitos são os fãs do Rei do Baião, e inúmeros os profissionais sanfoneiros que seguem devotamente o ritmo tocado por Gonzaga, por isso existem algumas histórias envolvendo Luiz Gonzaga e a cidade.

Getúlio Câmara radialista que apresenta todos os sábados o programa “Luiz Gonzaga e seus convidados” começou ouvindo o sanfoneiro através do serviço de alto-falante “voz de cristal” instalado e mantido por seu pai, Fenelon Câmara, e hoje é um dos que, de fato, mais tem contribuído na renovação dos quadros gonzagueanos. Quando o serviço de radiadora tornou-se a Rádio Difusora Cristal, no ano de 1971, o show marcante de inauguração foi com o próprio Luiz Gonzaga que depois retornaria a Quixeramobim no ano de 1974 num show junto com o Trio Nordestino em praça pública, na ocasião se fez famosa a história que durante a manhã o Rei do Baião teria aproveitado e tirado a barba com Aloísio Barbeiro – profissional reconhecido na cidade.

Fausto Nilo, compositor e arquiteto filho de Quixeramobim, ao assinar o prefácio do livro “Gonzaguinha e Gonzagão: Uma História Brasileira’’ de Regina Echeverria conta de sua alegria e euforia ao assistir o Rei do Baião em praça pública em sua infância na cidade: “Luiz Gonzaga e sua imagem iluminada em foto artística, ainda usando uma camisa de jersey com listras, que logo em seguida daria lugar ao gibão de couro, foi idolatradamente imaginado por meus sonhos de menino lá no Quixeramobim. Um dia ele chegou à minha terra para um show em praça pública. À tarde, antes do show, eu pude vê-lo por muitas horas até gastar toda curiosidade de meus olhos matutos enquanto o mestre polia seu acordeon.”

Além desse primeiro contato, Fausto Nilo, recorda-se ainda de uma segunda passagem do artista pela cidade: “Outra vez, também em minha terra, vi Gonzaga na plataforma do trem que vinha do Crato cantado versos de Asa Branca para apoiar a candidatura a deputado federal de seu parceiro Humberto Teixera, que também o acompanhava”É oportuno lembrar quealguns anos depois de passados os episódios narrados por Fausto Nilo, o “Mestre Lua” viria a gravar em parceria com Dominguinhos as cançõesDepois da Derradeira e O Juazeiro e a Sombra com letra daquele menino que deslumbrado o tinha visto por uma tarde inteira polir a sanfona em Quixeramobim.

Outro caso interessante de um quixeramobiense com relação a “Luiz de Januário” se deu com “Nonô da Sanfona”, que também se chama Luiz Gonzaga numa homenagem que seu pai fez ao ídolo. No ano de 1984, na cidade de Baturité Nonô realizou o seu grande sonho que foi tocar num show de abertura de Luiz Gonzaga. Segundo Fernando Ivo, pesquisador informal e presidente do Fã-Clube Viva o Rei, a história desta festa rendeu a lenda de que Luiz Gonzaga teria tocado com o cabo da sanfona de Nonô, após o sanfoneiro de Quixeramobim ter escondido o cabo que seria utilizado pelo Rei do Baião, para ele assim o emprestar, e depois, é claro, poder contar essa história por toda a vida. Ao ser perguntado a respeito do ocorrido, Nonô apenas sorri e diz que é história do povo, mas confirma a verdade que Luiz Gonzaga usou seu cabo para tocar na festa.

Por fim, no disco “Luiz Gonzaga volta pra curtir” gravado ao vivo no Teatro Tereza Rachel no Rio de Janeiro em 1972, o eterno sanfoneiro fala carinhosamente de quando conheceu o amigo e incentivador Armando Falcão – Ministro da Justiça durante a ditadura militar – e o reverencia como “o cabra de Quixeramobim” que por pouco não foi presidente da República.

Bruno Paulino é escritor.

(O Sertão é Notícia/Fernando Ivo)