quinta-feira, 5 de abril de 2012

Páscoa da Ressurreição

A agitação é intensa. Pessoas amontoam-se em filas intermináveis, principalmente nas grandes redes de varejo. As crianças fazem a festa impondo suas vontades, com direito a choro e esperneio. Os pais atônitos, tentando satisfazer os insaciáveis pirralhos na busca pelo tão falado símbolo pascal. E eis que lá estão eles, de cores, tamanhos, sabores, formatos e preços dos mais variados. Há opções para todos os gostos e bolsos. Desde os tradicionais de marca famosa, com recheios refinados que inclui avelã e outras iguarias (muitos deles contendo brinquedos em seu interior) aos mais simples, sem tantos predicados. As cestas também estão com a procura em alta, incluindo diversos itens que variam de ovo a coelho, de urso de pelúcia a arranjos dos mais criativos possíveis. O que vale mesmo é o simbolismo da aquisição, se possível com bastante antecedência, fazendo uma boa escolha e com tempo suficiente para poder comparar preços. E nessa imensidão de ofertas, o produto mais bem apresentado ganha a preferência dos pequenos consumidores, que fazem questão de impor com energia sua irredutível escolha.

Nessa incansável busca pelo maior e melhor ovo de chocolate, o verdadeiro símbolo da Páscoa acaba sempre esquecido. Nosso melhor amigo não tem vez no dia marcado para saborear as guloseimas feitas com cacau. Naquelas festas regadas a bebedeiras e comilanças exageradas, não se permite a visita do ilustre homenageado. No coração e na casa de muitas pessoas, ele não consegue fazer sua morada. Sequer circula entre os participantes. O dia reservado para relembrar sua ressurreição tomou outro sentido, bem diverso do esperado.

As novas tendências da modernidade que incluem uma agitada vida social influenciam diretamente o cristão. Muitas vezes até a Quaresma, que é o tempo representado por quarenta dias de preparação para a grande festa cristã, a Páscoa, acaba esquecida. As penitências são deixadas de lado, e a época de renovação da fé é adiada mais uma vez. Afinal, não se pode deixar de participar de compromissos inadiáveis, tão relevantes perante a sociedade.

Mas o homenageado nos aguarda pacientemente. Ele nos espera a cada dia, sempre de braços abertos, para que possamos renovar os votos de fé e praticar o exercício diário do perdão. Deseja também que façamos uma análise de nossa consciência, e mostremos em nosso cotidiano um novo conceito de convivência. Nesses tempos em que a violência gratuita e exacerbada predomina, preparemo-nos para o grande dia. Amparados no auxílio providencial aos carentes, na doação de um pouco de nosso tempo em prol dos menos favorecidos na vida, impregnados do verdadeiro espírito cristão. Atitudes que em nada diferem entre as diversas crenças, mas que externam o verdadeiro amor ao nosso semelhante.

E nessa sociedade em que impera o individualismo e o egoísmo, deixemos de lado o orgulho, a soberba e a vaidade, e façamos o que o Filho de Deus nos ensinou. Assim como o Cristo que ressuscitou dos mortos (João 20, 1-9), aproveitemos a Semana Santa para refletir sobre nossas responsabilidades de cristãos conscientes empenhados em levar um pouco de paz àqueles que tanto necessitam, seja em forma de uma palavra amiga, de um simples, mas sincero abraço ou de atitudes verdadeiramente cristãs. Que tenhamos o bom senso de perpetuar as tradições consumindo o saboroso chocolate, mas também promovendo uma verdadeira ressurreição em nossa vida. Que possamos permitir a cada dia que a bondade nos invada a alma, que as diferenças sejam minimizadas e relevadas, que passemos a ver em nosso irmão a imagem e o semblante daquele que deu sua vida para nos salvar. Que façamos da palavra sagrada, em todos os momentos de nossa vida, uma verdadeira obra de Deus.

Marialva, PR, Abril de 2012
José Luiz Boromelo-Cronista
e-mail: strokim@bol.com.br

*José Luiz Boromelo é cronista, colaborador do Blog do Chico Almir, e Policial Rodoviário da Reserva na cidade de Marialva no estado do Paraná

Um comentário:

  1. PÁSCOA, CELEBRAÇÃO DE ESPERANÇA

    A Páscoa é o evento religioso mais importante do Cristianismo. O termo significa “Passagem”, referindo-se num primeiro momento à fuga do antigo povo de Israel das terras do Egito, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida por Deus.
    A Páscoa cristã celebra a Ressureição de Jesus Cristo, fato ocorrido durante a Páscoa judaica, quando Jesus, depois de morrer na cruz, teve seu corpo colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até a sua Ressureição, tendo também esse significado de “Passagem”, pois Cristo passou da morte para a vida.
    Tanto no primeiro quanto no segundo evento pascal, somos animados a pensar em mudança, somos motivados a buscar uma vida melhor, a viver com otimismo. Na fuga do Egito, o povo de Israel almejava dias melhores, esperava encontrar sua Terra Prometida para reconstruir sua história. No evento da Ressureição de Cristo, a esperança do cristão é saber que o nosso Mestre não nos abandonou, que não estamos sozinhos, que continuaremos nossa peregrinação em favor do Reino de Deus, seguros pela sua poderosa mão e respaldados pelos seus profundos ensinamentos. A esperança do cristão nos dias atuais é também de encontrar a nossa Terra Prometida através da ponderação, através de uma visão interior. O nosso coração é nossa Terra Prometida. Muitas vezes, a gente se deixa envolver excessivamente com as atrocidades do mundo, com as brutalidades, a intolerância, as desigualdades, os egoísmos, a maldade humana. A decepção com o mundo é tamanha que isso nos paralisa, nos cala, nos torna infértil na prática do bem (contrariando a figura do coelho da Páscoa que simboliza a fertilidade). A gente presta muita atenção nas tragédias que acontecem no mundo e desprezamos o que acontece ao nosso redor. Temos que olhar para as nossas más experiências, os nossos próprios erros, os nossos exemplos. Pessoas queridas que se foram, que morreram por motivos tão banais. Antes de olharmos para as tragédias do mundo, enxerguemos as perdas que tivemos ao nosso lado, por causa do trânsito, do álcool, da violência, da ira, do ódio, da maldade, do descaso, do abandono e da solidão. Ninguém pode morrer em vão, a morte tem que nos ensinar alguma coisa, tem que deixar algum alerta para aqueles que ainda estão aqui. O que nós estamos fazendo para evitar novas tragédias? Estamos comprometidos com a vigilância do bem? Vivemos no intuito de promover a paz com as pessoas? Ou realmente consideramos a vida dos outros uma coisa banal, descartável? O que o meu semelhante significa pra mim? Qual valor eu dou para a convivência com o meu próximo?


    O pessimismo não deve ser o pensamento do cristão, não podemos achar que tudo está perdido. Nosso papel diante desses acontecimentos deve ser no sentido de nos ajudar a refletirmos sobre a nossa própria vida, não apenas lamentar, mas buscar mudança. A Páscoa nos convida a ter uma “Passagem” de vida irrefletida para uma melhora de dentro pra fora, de modo que a gente possa buscar a mudança que hoje nos é possível, que está ao nosso alcance. Não podemos amenizar as grandes injustiças e os grandes sofrimentos do mundo, mas podemos trabalhar com as pessoas que estão do nosso lado, para modificar nossa convivência falha e conturbada em uma convivência pacífica e comprometida com o respeito ao irmão. Quando promovemos essa convivência de Paz, estabelecemos o bem-estar não só do outro, mas essa Paz volta pra nós e repercute na vida de todos.
    A sabedoria da vida nos alerta para o que a gente pode fazer, e se a gente não começar a cuidar hoje, amanhã o mal poderá estar mais estabelecido, mais forte e mais difícil de ser combatido, e a falta de esperança não ajuda a modificar e nem melhorar nada. Não podemos permitir que o pessimismo se aloje em nosso coração, a vida do cristão não precisa ser como a de um grande herói da Bíblia, mas nossas atitudes e até mesmo nossos pequenos gestos não devem ser de retribuir o mal com o mal, mas de triunfar o mal com o bem.

    FELIZ PÁSCOA A TODOS OS MADALENENSES !!!

    MARCILLIO E FAMÍLIA

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