“Imagino a preocupação dos pais de hoje em dia. Se correm à vista nos jornais em busca de diversão para os filhos – uma suposta agenda cultural – mesmo que não sejam retrógrados, vão ficar assustados. Dificilmente vão encontrar notícia de um evento sadio e educativo. Além dos forrós de duvidosa qualidade, dos festivais promovidos por bebidas alcoólicas, nada absolutamente de proveitoso e construtivo. Os seus filhos estarão à mercê do pior que eles poderiam frequentar. Baixa qualidade artística, bebidas alcoólicas em profusão. Como se os jovens só gostassem disso.
Paradoxalmente, estes “eventos culturais” contam com o apoio financeiro de instituições públicas – Governo Federal (Ministério disso e daquilo), Governo Estadual (incentivo ao turismo e à cultura) e prefeituras. Nossos impostos são aplicados em promoções de duvidosa orientação e objetivo. Pode parecer um discurso caduco e superado de quem não entende o que se passa na cabeça dos jovens. “Tá por fora”. Mas alguém tem que abrir o jogo e falar. Isso não é possível! Não é assim que se faz com nossa juventude. Na segunda-feira vamos lastimar as manchetes do fim de semana. Os acidentes e a violência de toda natureza. Chega. Não devemos aceitar que nossa juventude seja destruída dessa forma. Nós pais precisamos assumir, com coragem, uma revolta justa. Exigir do poder público que pare de patrocinar estas manifestações ridículas e que não levam a nada. Determinar uma maior fiscalização nesses locais. Por exemplo: por que menores podem comprar e usar bebidas alcoólicas sem qualquer controle? Frequentar ambientes que nitidamente nada lhes podem favorecer?
Sei da dor de pais de família que vivem a expectativa de receber um telefonema dentro da noite: “seu filho sofreu um grave acidente e está sendo conduzido ao IJF.” Basta de tanta estupidez.
* Antonio Mourão Cavalcante – Médico, antropólogo e professor universitário
Fonte: Blog do Eliomar de Lima
Sobre este artigo do Doutor Antônio Mourão, acrescentaríamos que além da capital, a triste realidade por ele tão bem retratada está presente também no interior do Estado
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