Deputado derrubado por manifestantes contrários a redução da maioridade penal |
Após mais de
quatro horas de discussão, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171 que reduz a maioridade penal de 18
para 16 anos. Foram 303 votos a favor, 184 contrários e três abstenções. Para
ser aprovado, o texto da PEC precisava de, no mínimo, o voto de 308 deputados.
A votação, considerada
histórica devido à repercussão, começou pouco depois da meia-noite. A PEC reduz
a maioridade penal para a prática de crimes hediondos, como estupro,
latrocínio, homicídio qualificado e lesão corporal grave, lesão corporal grave
seguida de morte e roubo agravado (quando há sequestro ou participação de dois
ou mais criminosos, entre outras circunstâncias).
Como o texto
rejeitado era um substitutivo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disse que o plenário deverá fazer nova votação para deliberar sobre a proposta
original que diminui a maioridade penal para todos os crimes. “Iremos deliberar
no colégio de líderes a deliberação”, disse.
Em uma
sessão marcada por um plenário dividido, mais de 20 deputados se revezaram na
tribuna para defender e argumentar contra o relatório do deputado Laerte Bessa
(PR-DF), aprovado no último dia 17, por 21 votos a 6 na comissão especial
destinada a analisar o tema.
O líder do
PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que a maioria da bancada votaria a favor. “Nós
somos favoráveis porque ele propõe a redução para os crimes hediondos, graves e
sobretudo os crimes contra a vida.”
Mesma
posição foi tomada pelo deputado Moroni Torgan (DEM-CE) que defendeu a redução
sob o argumento de que a medida vai acabar com a sensação de impunidade.
“Queremos acabar com a impunidade para esses adolescentes que cometem crimes
graves e que praticamente não são punidos como se deve."
Contrário à
redução, o líder do PROS, Domingos Neto (CE), argumentou que a sociedade quer o
fim da impunidade, mas que muitos parlamentares também se colocam a favor para
dar uma resposta à opinião pública. “Nossa bancada é contra este modelo de
redução que se estende a alguns setores da sociedade, pois é discriminatório.
Temos que firmar o compromisso de modernizar o Estatuto da Criança e do
Adolescente [ECA]”, disse. “A opinião pública condenou Jesus Cristo e absolveu
Barrabás”, complementou o vice-líder do governo, Sílvio Costa (PSC-PE).
O governo se
posicionou contra a redução e defendeu como alternativa a alteração do ECA a
fim de aumentar o tempo de internação para os adolescentes que cometerem crimes
graves, além de mudanças na legislação para endurecer as penas para quem
aliciar adolescentes para a prática de crimes. “Não podemos agir
emocionalmente, mas também não podemos deixar de dar uma resposta para a
sociedade. E o governo está propondo essa mudança”, afirmou o deputado José
Guimarães (PT-CE).
(Agência Brasil)
(Agência Brasil)
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