As chances de mais um ano com influência do fenômeno El Niño na pré-estação chuvosa do Ceará, entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, são de 85%. Caso ele tenha força frente às condições do Oceano Atlântico, 2016 pode ser o quinto ano consecutivo de seca no Estado. A última vez que o Ceará enfrentou seca tão prolongada foi entre 1979 e 1983.
O cenário foi apresentado na manhã de ontem pelo presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins, durante entrevista coletiva. Desde o início do monitoramento pela Funceme, em 1910, a estiagem encerrada há 32 anos foi a única com cinco anos de duração.
Por enquanto, diversos fatores podem mudar o quadro previamente apontado para o próximo ano. Se as chuvas de pré-estação, que começa ainda este ano, forem acima da média e resultarem em algum aporte para os açudes, 2015 não termina como quarto ano de seca. No entanto, dados preliminares mostram altas chances de El Niño para a pré-estação. Conforme Eduardo Sávio, a média de previsão para este período costuma ser de 30% a 35%.
O El Niño se caracteriza pelo aquecimento anômalo no Oceano Pacífico Equatorial e dificulta a formação de nuvens de chuva sobre o Ceará. O mês de junho já traz o aquecimento de 2,5°C acima do normal, se comparado com as temperaturas observadas no período. Mas o fenômeno não é fator isolado para as chuvas do Nordeste, ressalta a meteorologista Meiry Sakamoto. O comportamento do Oceano Atlântico também pode alterar o cenário.
Os prognósticos oficiais ficam para os últimos meses do ano, levando em conta a dificuldade em antecipar as condições do Atlântico, bacia de menor porte e alterações mais frequentes. A dinâmica do Atlântico ajuda a posicionar sobre o Ceará a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema causador das chuvas entre fevereiro e maio. “Existem anos com boas chuvas mesmo com padrões de El Niño”, esclarece Meiry.Chuvas de 2015
Durante a coletiva da Funceme, foi apresentada análise da quadra chuvosa cearense de 2015. O período entre fevereiro e maio teve chuvas 30,1% abaixo da média histórica. A distribuição irregular das chuvas deixou a macrorregião Jaguaribana com os piores índices, com desvio negativo de 42%. As chuvas foram mais concentradas ao Norte do Estado, agravando a situação de estiagem em regiões como Sertão Central e Inhamuns.
Conforme o presidente Eduardo Sávio, as condições são ainda piores do que os quatro anos observados entre 1951 e 1954. A afirmação é pela severidade da seca: as quadras chuvosas tiveram desvios negativos anuais de 50,2% (2012), 40% (2013) e 24,2% (2014).
10 piores índices de chuva*
1958. Chuvas de 206,9 milímetros / Desvio: - 65,9%
1998. Chuvas de 241,5 milímetros/ Desvio: - 60,2%
1993. Chuvas de 289,3 milímetros/ Desvio: - 52,4%
1951. Chuvas de 297,3 milímetros/ Desvio: - 51,1%
2012. Chuvas de 302,5 milímetros/ Desvio: - 50,2%
2010. Chuvas de 302,3 milímetros/ Desvio: - 50,2%
1983. Chuvas de 307,9 milímetros/ Desvio: - 49,3%
1970. Chuvas de 370,3 milímetros/ Desvio: - 39%2013. Chuvas de 378,4 milímetros/ Desvio: - 37,7%
1953. Chuvas de 391 milímetros/ Desvio: - 35,5%
*A média histórica de chuvas entre fevereiro e maio no Ceará é de 607,5mm.
FONTE: Funceme(O POVO)
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