Três agências bancárias foram depredadas; muros e ônibus foram pichados em ato pela mobilidade urbana
Ao
contrário do que vem acontecendo nas manifestações no País, o protesto
ocorrido ontem entre os bairros Aldeota e Cocó não terminou em
vandalismo. Desta vez, os atos de destruição começaram logo no início da
mobilização. Agências bancárias e lojas foram depredadas ao longo do
caminho entre a Praça Portugal e a residência do prefeito Roberto
Cláudio. O movimento, que pedia "mobilidade urbana sustentável", foi
dispersa quando a Polícia cercou o grupo com bombas de efeito moral,
balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Após a concentração na Praça Portugal, por
volta das 15h45, cerca de 300 manifestantes fecharam a Av.
Desembargador Moreira e, ao chegar na Av. Santos Dumont, um grupo menor
começou a jogar pedras contra uma agência bancária. Outras pessoas
gritavam "Com vandalismo! Com vandalismo!", e "Me representa! Me
representa!" durante a depredação. Logo depois, outra agência bancária
foi atingida. Desta vez, a maioria dos manifestantes repreendeu a ação
com vaias.
Ao longo da Av. Santos Dumont, vários muros foram
pichados. "Destrua o que te destrói" e "Fora Cid" foram algumas das
frases escritas nas paredes. No caminho, quem acompanhava o movimento em
janelas era alvo de gritos de alguns jovens com o rosto coberto.
Os
manifestantes mascarados iam à frente do grupo, parando o trânsito.
"Para! Não passa!", gritavam aos motoristas. No cruzamento da Avenida
Santos Dumont com Rua Professor Dias da Rocha, um ônibus foi atacado com
pedras e chutes. A esta altura, duas viaturas da Polícia acompanhavam o
grupo. Quando a manifestação chegou no cruzamento com a Via Expressa,
quatro veículos do Choque faziam uma barreira e os atos de vandalismo
cessaram.
Originalmente, o grupo pretendia seguir até o
acampamento no Cocó, instalado no local do Parque do Cocó onde a
Prefeitura de Fortaleza pretende construir dois viadutos. Entretanto,
segundo alguns manifestantes os acampados pediram para que o destino da
passeata mudasse para "evitar repressão" da Polícia. Foi então que o
grupo seguiu em direção à residência do prefeito de Fortaleza.
Entretanto,
o Batalhão de Choque fazia uma barreira próximo ao condomínio do
gestor. Impedidos de continuar, os manifestantes decidiram caminhar até a
Praça da Imprensa, voltando pela Av. Santos Dumont.
Confira vídeo
Violência
Foi
aí que os atos de vandalismo recomeçaram. Uma terceira agência bancária
foi depredada, muros foram pichados e placas de sinalização arrancadas e
jogadas na rua. Obstáculos chegaram a ser colocados na pista, mas logo
foram retirados por pessoas que passavam no local.
No cruzamento
com a Rua Valdetário Mota, houve o primeiro confronto com policiais do
Comando Tático Motorizado (Cotam) e da Força Nacional de Segurança
(FNS). O grupo desviou em direção ao Terminal do Papicu e, ao chegar à
Via Expressa, o confronto se acirrou. A Polícia começou a atirar balas
de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Os manifestantes
fecharam a via com contêineres de lixo e jogaram pedras nos agentes. O
conflito seguiu pela Avenida Padre Antônio Tomás, onde lojas foram
atingidas por pedras, até o cruzamento com a Rua Coronel Jucá, quando a
manifestação foi cercada pela Polícia.
O grupo dispersou, algumas
pessoas foram abordadas mas ninguém foi preso. Segundo o comandante do
BPChoque, major Alexandre Ávila, 80 policiais participaram da ação.
Parte dos manifestantes se reuniu novamente e seguiu para o acampamento
no Cocó, onde havia atividades artísticas e culturais.
TensãoPedras e chutes
Cerca
de 300 pessoas saíram da Praça Portugal. Manifestantes mascarados
caminhavam na frente e paravam o trânsito. Lojas e uma concessionária
também foram depredadas por vândalos. No cruzamento com a Rua Valdetário
Mota, houve o primeiro confronto com policiais do Comando Tático
Motorizado (Cotam) e da Força Nacional de Segurança (FNS) Fotos: José Leomar/Bruno Gomes
Imprensa é hostilizada por policiais e manifestantesAo
longo do protesto, repórteres do Diário do Nordeste foram hostilizados
com acusações de serem "P2" (policiais infiltrados). Em todos os casos,
os manifestantes acusavam a reportagem de estar passando informações à
Polícia. "Não estou a fim de levar mão na cara de graça!", disse um
manifestante, intimidando o trabalho da reportagem.
Outro
repórter também foi abordado por duas vezes por pessoas que transmitiam o
ato pela internet e se diziam da "Mídia Ninja". Acusado de ser um
policial, o jornalista foi ameaçado. No chat da transmissão, pediam que
para mostrar bem seu rosto para divulgar a imagem.
A intimidação
também partiu da Polícia. Após a dispersão, os jornalistas se
aproximaram dos manifestantes. Um policial pediu que saíssem. Ao afirmar
que eram da imprensa, repórteres tentaram mostrar a identificação.
"Quem mostrar crachá vai levar borracha", disse o agente.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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