O principal debate na sessão de ontem da Assembleia Legislativa foi sobre o brasileiro não poder estar armado
Deputados
estaduais cearenses retomaram um debate que há muito tempo estava
adormecido no plenário da Casa: a política de desarmamento no Brasil.
Alguns parlamentares criticaram a medida, que segundo eles, só tem
servido para aumentar o número do tráfico de armas no País, fortalecer a
bandidagem e deixar indefesa a população. Enquanto isso, outros
condenaram a defesa de armamento da população, visto que a sociedade não
está preparada para fazer uso dessas munições.
"Sob
o manto de proteger a população, a política do desarmamento expõe o
cidadão a violência sem lhe dar o direito de defesa", disse o
republicano Manoel Duca, lembrando que o projeto de desarmamento
demonstra ser uma ação "derrotada" e "inócua" deixando a população órfã
de segurança.
Segundo ele, milhões foram gastos para tentar
desarmar as pessoas, mas não há preocupação em acabar com o aumento do
tráfico ilegal de armamento pesado, o que acaba por "punir" a população
que não ver os índices de violência diminuírem, no País e no Ceará. "Foi
fácil retirar as armas das pessoas de bem, pois essas pessoas estão
sendo alvos de marginais. Elas tinham esperança de que a violência fosse
estancada, e ao contrário, a violência aumentou e muito. Quanto mais se
prende os marginais armados, mais armas aparecem", reclamou.
Ele
citou o mapa da violência 2013, que demonstrou que os gastos e os
desarmamentos não diminuíram o aumento de mortes com armas de fogo, ou
seja, enquanto a população foi desarmada "a bandidagem continua armada".
O deputado relatou ainda o aumento em assaltos a bancos, ataques a
carros blindados, assim como a helicópteros da Polícia, além de inúmeros
assaltos e assassinatos de policiais em confronto com criminosos
fortemente armados.
"Vivemos em um País em que os valores muitas
vezes se investem e isso tem causado o aumento da criminalidade e o
Estado protetor mostra-se ineficiente e por isso teima em criar
programas emergentes que não conseguem atingir seus reais objetivos",
criticou ele, reclamando ainda que o programa de desarmamento está
apenas "iludindo a população".
Defesa
Duca
lembrou que em 2011 já tratava do tema, defendendo a necessidade do
cidadão de portar arma para a sua defesa e de sua família. Osmar Baquit
(PSD), corroborando com o republicano, disse que lugares mais afastados
da Capital são alvos de roubos constantes e no caso de fazendeiros,
desarmá-los é complicado, visto que a segurança tem maior dificuldade de
chegar lá.
"A situação é desigual, porque o cidadão está
desarmado e os bandidos cada vez mais bem armados. Ou a gente tem uma
ação mais eficaz de desarmar os bandidos ou não temos como saber aonde
isso vai dar. O homem do sertão está desprotegido com dois ou três
policias nas cidades, não tem como se socorrer e se tiver arma ele será
preso", reclamou o deputado Osmar Baquit.
O peemedebista Neto
Nunes também criticou a falta de proteção dos cidadãos de municípios
mais distantes de Fortaleza e disse que as pessoas que moram em tais
regiões não podem estar à mercê da sorte e que por isso deveriam ter o
direito ao porte de armas para protegerem suas áreas. Manoel Duca
ressaltou ainda que existe um Projeto de Lei de Rogerio Peninha
Mendonça, tramitando na Câmara Federal, tratando do estabelecimento de
novas regras para a proposta vigente atualmente. "Como é que pode o
nosso produtor rural não poder ter sua espingardinha para proteger sua
ovelha, seu bode, e enquanto isso a Polícia não tem competência para
coibir as ações dos bandidos?"
Reagindo
Vasques
Landim (PR) também reclamou da burocracia para o cidadão comum
conseguir uma arma, enquanto o tráfico de armas "corre solto" em todo o
País, por isso, defende ele, que o Estatuto do Desarmamento é uma "letra
morta". Contrariando as falas de seus pares, a deputada Fátima Leite
(PRTB) disse que a política de desarmamento foi crucial para a defesa do
cidadão.
Mirian Sobreira (PSB) também se contrapôs às falas de
Manoel Duca e disse que o cidadão comum ainda não está pronto para andar
armado. "Os policiais estão morrendo porque estão reagindo em assaltos e
olhe que eles são preparados. Eu acho que isso tem que ser uma
discussão mais ampla. Eu sugeriria mais políticas públicas para o
cidadão".
Augustinho Moreira (PV) foi outro que criticou as
colocações do republicano e lamentou o fato de seu colega estar
"desacreditando" no Poder Público. Ele ressaltou que o necessário é dar
sugestões para o Estado agir e não querer transformar o País em um
"faroeste", armando toda a população.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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